domingo, 23 de outubro de 2011

Inclusão de autistas em escola regular divide especialistas e pais


A educação de autistas por escolas regulares e o tratamento com o uso de dietas sem glúten causaram polêmica entre especialistas, representantes e associações de pais de crianças autistas na reunião conjunta desta quarta-feira das comissões de Direitos Humanos e Minorias; e de Legislação ParticipativaCriada em 2001, tornou-se um novo mecanismo para a apresentação de propostas de iniciativa popular. Recebe propostas de associações e órgãos de classe, sindicatos e demais entidades organizadas da sociedade civil, exceto partidos políticos. Todas as sugestões apresentadas à comissão são examinadas e, se aprovadas, são transformadas em projetos de lei, que são encaminhados à Mesa Diretora da Câmara e passam a tramitar normalmente..

O neuropediatra José Salomão Schwartzmann criticou a exigência de que as crianças autistas sejam educadas em escolas regulares. Para ele, a adaptação às escolas comuns depende de cada criança. “Se o indivíduo tiver rendimento na escola regular, tudo bem. Mas exigir isso de todos é um desserviço à pessoa, que vai se marginalizar ao invés de socializar”, disse o médico, que condenou o fechamento das escolas especiais.

A diretora da Escola Metamorfose de Niterói (RJ), Sandra Cerqueira, afirmou que, na sua experiência à frente de uma escola privada especializada em autismo, um portador da doença precisa de alguns requisitos mínimos na educação que não são oferecidos pelo Poder Público: acompanhamento familiar especializado, número reduzido de alunos, currículo personalizado e equipe muiltisciplinar. “O autista tem de ser avaliado individualmente e ser tratado nas suas deficiências”, disse.

Já a pesquisadora da Universidade Federal de Natal Eliana Rodrigues Araújo defendeu a inclusão dos autistas em escolas regulares. “A educação pública é um direito de todas as crianças, e é preciso que se ofereça condições para isso”, comentou a pesquisadora, que tem um filho autista. Segundo ela, a inclusão do seu filho na escola só foi possível depois de muito diálogo com os professores, que não estão capacitados para lidar com crianças autistas.

AlimentaçãoO médico Salomão Schwartzmann criticou ainda o uso de tratamentos que não foram comprovados cientificamente, como é o caso do uso de dietas sem glúten em crianças autistas. O método é utilizado pela diretora da Escola Metamorfose, Sandra Cerqueira, que defende projetos de leis estaduais para que o Sistema Único de Saúde (SUS) financie exames para o estudo desse tratamento.

O médico alertou que o sucesso em casos pontuais não pode ser generalizado sem o devido estudo. “Se o filho de alguém tem alteração quando come glúten, ele tem de ter uma dieta especial. Mas sugerir que isso seja aplicado a todos os autistas do Brasil e que o Poder Público pague por isso, sem comprovação científica, não tem sentido”, afirmou Schwartzmann. Segundo ele, ainda não se conhecem as consequências de retirar o glúten da dieta de uma pessoa que não tenha alergia.

Sandra Cerqueira rebateu as críticas do neuropediatra. Ela disse que há pesquisas suficientes que apontam intolerância ao glúten e outras substâncias por crianças autistas e que é preciso investir na pesquisa desses sintomas. “Quanto tempo vamos esperar para que essas pesquisas sejam comprovadas? Até que nossos filhos cresçam, se tornem adultos e já não possam ser tratados?”, questionou a diretora.

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